domingo, 20 de janeiro de 2019

Crítica - Homem-Aranha no Aranha-Verso

Na história do cinema, cada geração, cada década teve seu gênero favorito. Sempre foi assim. Já passamos pelos faroestes, musicais, ação. A década de 90, por exemplo, foi marcada pela comédias românticas. E eis que chegam os anos 2000s e justamente nesse ano X-Men desembarcava nos cinemas e ali se iniciava a era dos filmes de hérois. Assim nos últimos 18 anos (ou quase 2 décadas - como o tempo voa!), o gênero de herói se tornou o favorito dos frequentadores da sala escura e praticamente todos os blockbusters de cada ano são nesse estilo.

Com o passar do tempo, o que parecia frescor virou “mais do mesmo”. E hoje com 5, 6 filmes de herói pipocando anualmente em cartaz fica fácil termos a sensação de que não há renovação, que trata-se sempre da mesma história contada. Sem falar dos reboots desnecessários… afinal quantas vezes mais teremos que ver a morte do tio Ben ou a morte dos pais de Bruce Wayne?

Eis que 2018 nos traz “Homem-Aranha no Aranha-Verso”, um acalento aos cinéfilos. Nos mostrando que dentro da máquina dos filmes de heróis ainda é possível um respiro, um ar de originalidade. A novidade aqui reside muito na forma do desenvolvimento da narrativa, que combina o melhor da animação moderna com traços das HQs tradicionais, um misto de referência pops. Visualmente um filme belíssimo. Ágil, com sempre algo ocorrendo na tela, numa montagem rápida e empolgante que em alguns momentos me lembrou a loucura (no bom sentido) de Mad Max.

E naturalmente a história também não deixa a desejar. Nessas 2 últimas década do gênero herói, o mundo viu o fortalecer das vozes das minorias. E isso não é e deve ser encarado como “mi mi mi”. Se você é daqueles que acha que o politicamente correto está estragando o mundo, prepare-se!, pois esse é um caminho sem volta. É assim que evoluímos. Ou você acha que a escravidão dos negros sempre foi vista de forma negativa? E o Cinema como arte é um reflexo dos anseios da sociedade, um espelho das transformações sociais. E a representatividade das minorias/pluralidade do ser humano entrou na pauta do cinema, é claro. E nada melhor que nessa versão de Homem-Aranha haja espaço para o negro/a mulher/a asiática. Basicamente, sem entrar em muitos detalhes da trama, há um encontro de seis versões diferentes do Homem-Aranha, cada uma vinda de um universo paralelo. E as versões representam justamente estereótipos diversos.

Homem-Aranha no Aranha-Verso é um ótimo filme e um filme digno do século 21.

domingo, 6 de janeiro de 2019

Globo de Ouro 2019

A um bom tempo que tenho pensado em fazer desse espaço um local para exercer minha opinião cinematográfica. E como hoje ocorre o Globo de Ouro (Golden Globes - GG), começarei dando meus palpites de quem deve vencer. E não poderia ter escolhido pior momento para iniciar esses trabalhos, pois esse ano vários filmes diferentes têm se destacado e muitas categorias não têm tido um grande consenso. Assim ao dizer que, em praticamente todas as categorias, todos têm chances, fico parecendo como aquelas cartomantes que dizem coisas genéricas e que não têm conhecimento do assunto. Na verdade houve um filme de destaque no ano: “Roma”, produção mexicana do Alfonso Cuarón, que retrata o dia-a-dia de uma empregada doméstica nos anos 70 do México. Eu particularmente não gostei tanto - talvez escreva futuramente sobre. Mas no GG, “Roma” estava inelegível na categoria principal - melhor filme de drama - pois é falado em espanhol e para essa categoria só se admite filmes falados em inglês.
Antes de falar da premiação do GG desse ano, apenas uma pequena introdução sobre o GG e as premiações de um modo geral. Definir os melhores de cada ano vai muito além de realmente saber quem foi de fato o melhor. Até porque o conceito de “melhor” é muito relativo: melhor pra quem? Pra você? Pra mim? E quando falamos nas premiações, além desse conceito altamente subjetivo do “melhor”, outro fatores entram na equação: o reconhecimento da carreira; se esse ou aquele profissional já foi preterido anteriormente; se a temática do filme aborda algo relevante no momento; entre outros elementos que extrapolam os critérios/reconhecimentos artísticos.
Dito isso, vamos propriamente ao GG. Quem são os votantes do GG? Os votantes são cerca de 100 jornalistas de vários países, membros da Hollywood Foreign Press Association - são os chamados correspondentes internacionais que residem em Los Angeles.
Apesar de ser vendido como uma prévia do Oscar, o GG está bem longe disso. Os diversos prêmios dados pelo Sindicatos (Sindicato dos Atores, Sindicatos dos Diretores etc) são de fato a verdadeira prévia do Oscar. O GG serve apenas como uma exposição de catálogo dos que esses votantes têm pela frente. Além disso o GG não tem uma das melhores reputações em Hollywodd, uma vez que costumam indicar astros populares em detrimento de qualidade a fim de que essas estrelas estejam presentes durante a transmissão e possam render audiência.
Ok, esclarecimento feitos. Vamos as principais categorias de cinema:
- Filme Drama: com “Roma” inelegível nessa categoria, 4 dos 5 indicados têm chances reais de vitória. “Nasce uma Estrela” tem a Lady Gaga como protagonista e é um ótimo chamariz para audiência. “Bohemian Rhapsody” e “Pantera Negra” foram mega sucesso de público. E “Pantegra Negra” ainda tem a questão da representatividade negra no cinema, temática em alta. “Infiltrado na Klan” também traz a discussão racial e é um filme do Spike Lee, um dos diretores mais respeitados no meio.
- Filme Comédia/Musical: “Green Book” ou “A Favorita”, pois ambos são os filmes que mais tem chances de estarem no Oscar.
- Animação - Homem-Aranha no Aranha-verso foi a animação mais premiada ao longo da temporada. Talvez a “Ilha dos Cachorros” se beneficie por ser do Wes Anderson. E, claro, “Os Incríveis 2” tem o fator de ser uma produção da Pixar.
- Estrangeiro - a categoria mais “fácil”: “Roma”. Se “Roma” não levar aqui, então como diria uma conhecida minha “O trem tá feio!”
- Ator Drama: Bradley Cooper (“Nasce uma Estrela”) ou Rami Malek (“Bohemian Rhapsody”). Ambos em filmes de sucesso de público. Cooper tem a seu favor o fato de ser o diretor, roteirista e produtor do filme. Uma vitória como ator compensa a derrota nas demais categorias.
- Ator Comédia/Musical: Christian Bale ("Vice") ou Viggo Mortensen ("Green Book - O Guia") pois são os 2 que também devem ser indicados ao Oscar;
- Atriz Drama: Glenn Close (“A Esposa”) ou Lady Gaga (“Nasce uma Estrela”). A Lady Gaga é super conhecida do público. E Glenn Close é respeitadíssima como atriz.
- Atriz Comédia/Musical: Olivia Colman (“A Favorita”) pois está num dos filmes mais elogiados do ano. Diria que Emily Blunt (“O Retorno de Mary Poppins”) corre por fora, unicamente por ser uma atriz reconhecida pelo grande público.
- Ator coadjuvante: O favorito era pra ser Richard Grant (“Poderia Me Perdoar?”). Mas mesmo que ele perca aqui no GG, ainda deve levar o Oscar. O favorito no GG passa a ser o Mahershala Ali (“Green Book”) justamente porque quando ganhou o Oscar 2 anos atrás perdeu o GG. Agora é a hora de recompensá-lo.
- Atriz coadjuvante - outra categoria complexa. Tudo indica vitoria para Regina King (“Se a Rua Beale Falasse”), grande vencedora entre várias premiações de críticos. Mas Amy Adams (“Vice”) é muito querida pelos votantes. E Emma Stones e Rachel Weisz (ambas em “A Favorita”) estão num dos filmes mais elogiados do ano.
- Direção: Alfonso Cuáron (“Roma”) é o favorito. A menos que queiram premiar o Cooper nessa categoria, pois como disse anteriormente ele tem múltiplas funções em “Nasce uma Estrela” e seria uma forte de compensa-lo por possíveis derrotadas nas demais categorias.
Vamos ver o que vai acontecer!

sexta-feira, 25 de abril de 2014

UM NOVO DESPERTAR

Há alguns anos (acho que em 2007), iniciei esse blog com a intenção de ser um espaço meu no qual pudesse escrever sobre qualquer tema, especialmente minhas 2 grandes paixões: cinema e literatura. Acabou que esse espaço foi esquecido por mim. Simplesmente, abandonei o blog.
Passados uns 9 anos, me aprofundei bastante nos meus conhecimentos cinematográficos, estudando o assunto, assistindo os grandes clássicos, comprando livros sobre o tema. E recentemente em uma roda de amigos, todos foram unânimes: devia expor essa minha paixão e conhecimento em um blog. RESOLVI VOLTAR (E DESSA VEZ PRA VALER).
Pra começar, deletei todos os post antigos que tratavam de assuntos que não estão relacionados a cinema. E agora vou recomeçar do zero.
A intenção é fazer do OlharIronico um blog de cinema, com atualizações semanais. Postarei minhas opiniões, observações sobre os filmes que for assistindo, que revejo, ou filmes antigos. Eu preciso disso, eu preciso falar de Cinema.
E pra ter início vou postando minhas observações sobre os vencedores do Oscar de melhor filme..
Espero que curtam esse blog.
Um abraço!

PS: Como todo início, vou fazer várias modificações. Aos poucos vou mudando o layout.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

O Silêncio dos Inocentes



SINOPSE: O assassino em série Buffalo Bill anda aterrorizando o interior dos EUA. Suas vítimas são sempre mulheres, tendo as roupas rasgadas, a pele esfolada e ainda levam de brinde um casulo de borboleta inserido na garganta. Para resolver o misterioso caso, é convocada a agente em treinamento do FBI, Clarice Starling (Jodie Foster), que contará com uma ajuda nada ortodoxa - o doutor em psicologia, Hennibal Lecter (Anthony Hopkins) - na tentativa de compreender o perfil do assassino e assim encontrá-lo. Porém, o Dr. Lecter é também um assassino em série que tinha o costume de comer partes de suas vítimas.

MINHA ANÁLISE: O filme é ótimo! Transitando entre os gêneros policial, supense e até um toque de horror, todas as suas cenas funcionam. Com uma Jodie Foster mais do que inspirada, conseguimos sentir a tensão crescente ao longo da projeção, e claro, tememos pelas vítimas. Um filme já clássico!

MELHOR CENA: Sem dúvida a cena do primeiro encontro entre a agente Starling e o Dr. Lecter. Sentimos todo o pânico juntamente com Jodie Foster, enquanto ela desce um corredor lúgubre que a leva até dar de caras com Anthony Hopkins encarcerado. A cena é tensa e causa arrepios - vamos acompanhando lentamente todos os passos dados pela agente e conhecendo os demais prisioneiros. Apesar do pouco tempo em cena ao longo do filme, Hopkins brilha nessa em particular ao conversar com Foster... chega até a ser hilário, o momento em que ele exibe seus dentes, sentindo o "cheiro da presa" - com certeza, a cena que lhe rendeu o Oscar de melhor ator, apesar de seu papel ser claramente de coadjuvante.
OSCAR: Em 1991, o Silêncio dos Inocentes conseguiu uma façanha - ganhou todos os 05 principais prêmios: Filme, Direção, Ator (Anthony Hopkins), Atriz (Jodie Foster) e Roteiro. Para mim única ressalva realmente é com Anthony Hopkins, apesar de concordar que a atuação é brilhante, o seu papel tem pouco tempo de tela e para mim não é o centro da história, logo ele é coadjuvante.
Venceu 05: Filme, Direção, Ator (Anthony Hopkins), Atriz (Jodie Foster) e Roteiro Adaptado.
Indicado também em: Edição e Som.

NOTA: 09 - poucos filmes transitam entre os gêneros policial, suspense e terror tão bem como esse!

Dança com Lobos



SINOPSE: O ano é 1863, os EUA enfrentam a Guerra de Secessão - guerra civil, na qual os estados do norte enfretam os estados do sul. Um coronel, John Dubar (Kevin Costner), cansado de tudo, ferido físico e psicologicamente, tenta escapar daquele horror da maneira mais simplória de todas: o suicídio. Além de falhar na tentativa de se matar, acabar conseguindo uma viagem para os confins dos EUA. Lá, solitário, sem ninguém com quem conversar, resolver "fazer novos amigos". E passa a viver no meio de uma tribo indígena, na qual muda seu nome para "Dança com Lobos" e aprende uma nova forma de encarar o mundo.

MINHA ANÁLISE: Nos quesitos técnicos, o filme é irrepreensível: figurino de época, locações grandiosas, trilha sonora épica. Tudo no filme é gigantesco. Um verdadeiro épico. Mas falta a ele algo fundamental: coração. Simplesmente nada acontece. É um filme altamente lento que demora para engrenar (se é que o faz em algum momento). A história simplesmente não me prendeu, vi um pôr-do-sol belíssimo, lindas campinas, mas nada além disso. São 3h de tédio. Vemos Kevin Costner conversando com um lobo, depois montando um cavalo, fazendo comida, tomando banho, conversando com um índio, montando novamente o cavalo, passando frio, comendo, tomando banho, etc etc. Cadê a ação, onde está o movimento? É um filme altamente introspectivo, para aqueles que gostam... não é o meu caso. Na tentativa de fingir que alguma coisa minimamente interessante está ocorrendo na tela, durante alguns minutos de projeção, vemos uma batalha entre tribos rivais; uma luta entre os indígenas e os soldados americanos; e só, tudo isso num filme de 180 minutos. Poderia ser um grande filme se tivesse 1h30 mas com 3h... você dorme, acorda, dorme, acorda de novo e o máximo que aconteceu na tela foi o personagem principal ter descoberto que búfalo na língua indígena se diz tatanka.

MELHOR CENA: Falando em búfalos, essa é a melhor cena do filme - a caçada aos búfalos. É perfeita, muito bem realizada; os búfalos são reais, não são aquelas criaturas computadorizadas tão comuns nos dias de hoje. Kevin Costner, montado em seu cavalo, cavalga por uma enorme planície com uma arma em mãos, atravessando uma manada de búfalos que corre desesperadamente. Nossa! A cena é linda, dá de 10 a 0 em muita luta de super-herói. No entanto, não é suficiente para tornar o filme interessante.

OSCAR: E o ano é 1990. Dança com Lobos leva os principais prêmios. Porque? Porque é um filme de ator. A Academia adora quando um ator se sobressai não apenas na atuação, mas também na direção, produção, como é o caso neste filme. Kevin Costner carrega o filme nas costas, não há uma única cena em que ele não esteja presente. Além do protagonista, Costner é o diretor e o produtor do filme. O filme é realmente dele.
Venceu 07: Filme, Direção (Kevin Costner), Roteiro Adaptado, Edição, Fotografia, Som e Trilha Sonora.
Indicado também em: Ator (Kevin Costner), Ator Coadjuvante (Graham Greene), Atriz Coadjuvante (Mary McDonell), Figurino e Direção de Arte.

NOTA: 03 - Chato! Entediante! Um dos piores vencedores do Oscar de melhor filme. Filme para quem tem insônia e quer dormir logo.