sábado, 30 de agosto de 2008

Cinema - 4 (Coringa - o Cavaleiros das Trevas)

Filmes de super-heróis sempre foram vistos por muitos críticos como fracos, ruins. É claro que toda forma de generalização deve ser encarada com certo receio. O Cavaleiros das Trevas está aí para provar isso. O novo filme do Homem-Morcego transcende o limite de um gênero, vai do policial, ao drama, ao típico filme de super-herói. É assim que o cinema tem que ser visto, como uma arte, que é capaz de produzir obras primas independente do seu gênero cinematográfico. Mas naturalmente o grande trunfo do novo Batman não reside nos seus efeitos especiais, nas empolgantes cenas de perseguição, o grande trunfo do filme é claro o Coringa de Health Ledger. Para muitos não haveria outro senão o Coringa imortalizado por Jack Nicholson no filme de Tim Burton, mas todos estavam enganados até agora. Health Ledger dá a vida (sem trocadilhos, por favor) a um personagem altamente complexo, um ser que representa o Mal em si. O que move este Coringa não é o dinheiro, não é nada, simplesmente como em uma de suas falas, ele está ali para ver o circo pegar fogo. Assim, além de uma atuação estonteante, o que mais incomoda é saber que nada o move, não há um porquê em toda aquela insanidade, o que torna o Coringa de Ledger neste novo filme um personagem realmente amedrontador, e desde já um figura icônica do cinema recente – tanto que optei por uma foto do Coringa do que a foto do Batman neste post.

Cinema - 3 (Wall-E)

Em 1995 a Pixar revolucionou o mundo. Por quê? Simplesmente porque ela apresentava ao mundo o primeiro longa-metragem feito animação: Toy Story. Mas não somente por isso, a revolução seria muito maior. Mudou-se o jeito de se fazer animação. Os desenhos animados deixaram de ser exclusivos das crianças. Desenhos inteligentes, que primam por enredos interessantes que agradam tanto a crianças quanto a adultos, filmes que não possuem somente canções e mais canções, mas sim uma crítica social mesmo que ainda velada para os pequenos.

Assim em 2008, temos um arsenal de filmes de animação riquíssimos em suas linguagens cinematográficas, que deixam muitos filmes de carne-e-osso no chão. Desenho animado se tornou algo sério, pode se falar das relações conturbadas familiares, como em Os Incríveis, a vontade de lutar pelos seus sonhos, como em Ratatuille, entre outros.

Finalmente chegamos a Wall-E, um belíssimo exemplo de como ainda há profissionais inteligentes em Hollywood, capazes de atingir níveis de perfeição antes nunca visto. Wall-E é um robô, (somente no físico, pois de longe carrega muito mais de humano do que muitos homens), solitário numa planeta Terra inóspito, que antes já fora cheio de vida. Uma Terra que encontra-se nessa situação deplorável devido ao pior dos seres – o humano – que nem de sua casa soube cuidar, e agora levam uma vida miserável numa nave espacial. A crítica social mostra-se mais do que clara, com os seres humanos vivendo sentados diariamente em suas poltronas, engordando, engordando, sem se darem conta dos que estão ao seu lado. Então é aí que vem Wall-E, apaixonado por uma robozinha Eva, referência explícita a Bíblia, que se encontra na Terra a fim de encontrar algum sinal de que ainda é possível que os seres humanos retornem para o seu antigo lar. O amor é claro é o eixo de um filme memorável, que já eternizou Wall-E e Eva como um dos maiores amores já produzidos no cinema. No entanto, a grande inovação de Wall-E reside numa ousada estratégia da Pixar de praticamente produzir um filme mudo (são pouquíssimos diálogos) em meio a um cinema que a cada dia privilegia as bombas, as explosões. Resgatando um tipo de cinema há muito não-feito do passado, o cinema mudo, a Pixar dá um passo para o futuro.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Cinema - 2 (Martin Scorcese)


Martin Scorcese? Quem é ele? Simplesmente um dos grandes diretores do cinema americano e possível do cinema mundial. Um baixinho na altura, mas enorme no talento.

Engraçado como não podemos confundir o pessoal com o profissional, viciado em cocaína durante os anos 70 só rodava os seus filmes totalmente “chapado”. Sendo que toda a droga consumida nos sets vinha diretamente dos executivos da indústria hollywoodiana.

Assim, Scorcese conheceu na prática o mundo das drogas, que fariam parte do seu estilo cinematográfico. Provavelmente ninguém filma o submundo como ele. Seus filmes retratam toda a podridão da sociedade que não queremos enxergar. Em sua filmografia, temos o mundo dos jogos de Los Angeles, da prostituição, da corrupção na polícia.

Nos anos 70/80 ajudou praticamente a lançar o ator Robert DeNiro. Numa parceira Scorcese-Niro que brilharia em diversos filmes ao longo de vários anos. Foi numa dessas parceria que DeNiro levou seu Oscar de melhor ator no filme “Touro Indomável” (1980), que é até hoje considerado como um dos melhores filmes do cinema mundial, figurinha recorrente em qualquer lista das melhores produções de todos os tempos.

Se o submundo é o cenário ideal pra produções scorcesianas, os personagens centrais só podem ser personagens atormentados, que não aceitam o mundo. Personagens dúbios, que se revelam bons e maus ao mesmo tempo. Se há três décadas passadas, um jovem DeNiro era o ator ideal pra Scorcese, os anos 2000 marcaram o surgimento de um novo astro em suas produções: Leonardo DiCaprio. A parceria Scorcese-DiCaprio já rendeu ótimos frutos (Gangues de N.Y, O Aviador, Os Infiltrados). Eles já estão rodando um novo filme, cuja previsão é ser lançado na temporada de 2009. Em O Aviador, por exemplo, DiCaprio mostra o porquê se tornou queridinho do diretor, ao interpretar o magnata Howard Hughes, um personagem totalmente complexo, que reúne em si um homem múltiplo que vai de diretor cinematográfico a empresário no ramo da aviação, atormentado por vários problemas como o transtorno obsessivo compulsivo.

Martin Scorcese se tornou um diretor inigualável. Vieram as indicações ao Oscar, no entanto sem vitórias, devido à Academia retrógrada que não via com bons olhos um diretor que embora talentoso tinha uma vida regada à drogas. No entanto, num dos melhores momentos do Oscar dos últimos tempos, a Academia foi obrigada a se render ao talento de Martin. Assim, em 2007, Scorcese não só subiu ao palco para receber o seu merecido reconhecimento, como o fez em grande estilo: aplaudido de pé por todos, ainda recebeu o seu prêmio das mãos de uma trindade Spielberg-Coppola-Lucas*. Naquele momento, os quatros grandes diretores de uma geração e amigos, reunidos todos de uma só vez no mesmo palco.

*: Steven Spielberg (sem comentários), Francis Coppola (diretor de O poderoso chefão), George Lucas (diretor de Guerra das estrelas e roteirista de Indiana Jones).

sábado, 17 de maio de 2008

Literatura 1 (The White Hotel - D. M. Thomas)


Comecei finalmente as minhas análises literárias. E olha por qual obra dou início a esta sessão – The White Hotel. Nunca procurei o título dessa obra em português, mas creio se houve uma tradução ao pé da letra, então ficou “O Hotel Branco”.

Uma das primeiras questões que chamam à atenção no livro é o seu tom sexual. Sexual ou pornográfico? Essa linha entre erótico e pornográfico sempre foi muito tênue e ainda até hoje suscita dúvidas e polêmica. Pra mim, o livro pode ser tarjado com pornográfico mesmo. E ele é, só que não fica só restrito nisso (é o que comentarei abaixo). Lembro claramente quando tive que ler a obra em questão pra uma disciplina em literatura de língua inglesa, éramos cerca de 15 alunos, somente 3 alunos conseguiram terminar a leitura – eu e mais dois colegas homens. As meninas se escandilizaram e se negaram a terminá-lo.

Mas o grande trunfo do livro não reside no seu apelo erótico, mas sim no seu tom literário metaficcional historiográfico. Mas o que vem a ser essa tal metaficção? A metaficção é simplesmente aquela ficção que volta a si mesma, aquilo que fala de si próprio, que foge da sua realidade. Por exemplo, um poema sobre o que é um poema ou então um filme sobre o fazer cinema – tudo isto são exemplo metaficcionais. Machado de Assis ao falar diretamente com o seu leitor, ao falar para que pule determinados trechos e sigam adiante, está fazendo uso de uma narrativa metaficcional, pois consegue naquele momento quebrar as barreiras do seu mundo narrativo, mostrar que tudo aquilo é apenas um faz de conta. No cinema, novamente, encontramos a metaficção no filme “Todo Mundo em Pânico”, que ao parodiar os filmes de terror, não se leva a sério, mostrando os elementos que entram em cena durante a composição de um típico filme de terror. E o livro “The White Hotel” faz uso brilhante dessa técnica ao compor a escrita de Freud, mostrando o seu ato de criação na escrita.

A obra é historiográfica porque “brinca” com a figura de um personagem histórico: Freud – o pai da Psicanálise.

Mas afinal do que fala a obra? A estória pode basicamente ser divida em três momentos básicos. O primeiro é a personagem central, Lisa, contando as suas fantasias eróticas para Sigmund Freud. Num segundo momento da trama, temos finalmente a análise freudiana desses sonhos de Lisa, dando explicações psicanalíticas a tudo aquilo que foi relatado no “Hotel Branco” (por isso o nome do livro) – que representa o subconsciente da personagem central. E finalmente, na parte final, temos as conclusões dadas pela própria Lisa sobre o que ela compreendeu da análise de Freud. Na verdade a estória se mostra muito mais envolvente do que aqui descrita, mas não vou comentar pois senão perde a graça.

O livro se tornou um best-seller na Inglaterra nos anos 80, e chocou meio mundo pelo seu apelo sexual advindo de uma obra de autoria feminina. Afinal o homem pode escrever elementos eróticos, mas nunca a mulher. Assim, o livro ganhou status de obra clássica e já vem sendo estudado em boa parte dos cursos de literatura em língua inglesa contemporânea. Mas ele é um bom pedido, para aqueles que não se deixam levar pelos momentos iniciais (e a parte mais longa do livro – sem duplo sentido, por favor) e resolvem se aventurar em conhecer um pouco de uma mente conturbada, com direito a análise freudiana.

PS: está previsto para o ano de 2009 o filme “The White Hotel”, cujas filmagens já se encontram rolando. Será q eles vão adaptar tudo?, desde o ménage à trois de um padre que mama nos peitos da personagem central enquanto a outra parceira ... Chega, ficou curioso(a), vá ler o livro ou esperar no cinema.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Cinema - 1 (Titanic)




Como todos já sabem, este blog foi criado com a intenção de ser um espaço reflexivo sobre cultura, especialmente cinema e literatura. E até agora nada. Não falei sobre nada nisso ainda, pelo menos até hoje, até agora. Vou começar o meu primeiro post sobre cinema. E vai ser sobre um dos meus filmes favoritos: Titanic de 1997, um filme de James Cameron.


Titanic? Sim, Titanic. Muitos até podem achar estranho essa escolha na minha lista dos melhores filmes, me acusar de não ter bom gosto e que só o escolhi porque é um filme que foi um mega sucesso de público e que ganhou 11 estatuetas no Oscar. Tudo bem, que falem isso, mas continuarei apreciando esta obra-prima da sétima arte.


As pessoas parecem dizer que não gostam do filme, justamente porque ele se tornou "figurinha carimbada", que temos que gostar somente daqueles filmes chatos europeus pseudo-intelectuais para terem bom gosto. Mas digo uma coisa: muitas vezes um "filme pipoca" é muito melhor do esses "filmes sérios". Um belo exemplo dessa teoria é aplicada a alguém que conheço, que gostava de Los Hermanos ainda quando era uma pequena banda, mas quando veio o sucesso "Ana Júlia", essa pessoa passou a odiar a banda. O mesmo ocorreu com o Titanic, o filme é massacrado simplesmente por ter se tornando um mega sucesso de público. Tem muita gente que ainda passou a detestar Leonardo DiCaprio pelo filme, sem perceber que ele realmente se tornou um grande ator (vide O Aviador e Os Infiltrados).


Agora que já foram feitas certas considerações iniciais, continuemos a análise irônica da obra. Li um crítico algum tempo atrás (não me recordo qual) que dizia que quando saiu da sala de cinema após a sessão de Titanic, ele se sentia um sobrevivente. O mesmo aconteceu comigo. O filme é um espetáculo visual inigualável. Que efeitos especias!!! Pra mim, a melhor sequência de ação realizada encontra-se neste filme. Direção perfeita e pontual de Cameron, que faz com que o espectador se sinta dentro do próprio barco com os seus movimentos de câmeras que te levam a conhecer o barco por dentro em todo o seu gigantismo, desde a sala de máquina, ao convés luxuoso, até os quartos fétidos dos pobres. Você é levado a sentir frio, quando os personagens davam aquelas respiradas que saem "fumaça" da boca, levado a sentir pânico, quando os gritos começam, levado a sentir ódio, sentir amor. Todos os sentimentos se mesclam na luta pela sobrevivência. Se os efeitos especiais arrepiam, o mesmo pode se dizer de todos os demais aspectos do filme. Tudo está perfeito. Direção de arte soberba, que recria com maestria todos os cenários. E a fotografia?? Ah, também não poderia ser diferente, simplesmente maravilhosa. A luz que recria e passa as emoções devidas, que se torna um tom azulado no momento final do frio intenso vivido pelos personagens à luz em tom avermelhado vivido pelo amor entre Kate e Jack. E claro, não podemos nos esquecer de falar da trilha sonora e dos efeitos de som. Afinal cinema, há muito que já não é apenas imagens. Trilha sonora apaixonante, que embala não somente o coração dos protagonistas mas também o de todos que ousam embarcar na aventura de assistir ao filme. É impossível não recordar a cena em que a orquestra tocava aquela que seria a sua música de despedida, pois a morte se mostrava certeira; então cada membro vai para um canto esperar o seu cruel destino, mas vendo que não nada restar a fazer, a orquestra retorna para tocar uma canção melancólica enquanto as águas subiam, preenchendo e sufocando cada músico. Naturalmente, os demais elementos sonoros nada devem nessa produção. É angustiante ouvir os barulhos dos cabos de aços se rompendo, as explosões dos motores de um navio que já agoniza, tudo leva ao desespero.


Titanic é mais do que um filme sobre um acidente num barco, é uma metáfora para toda a sociedade, na qual o mais forte sobrevive. É só perceber como aqueles que sobreviveram foram os ricos, que puderam ter acessos aos botes salva-vidas, enquanto os pobres eram trancafiados nos seus quartos, tendo os acessos às saídas trancados. Na luta pela sobrevivência não havia respeito, era cada um por si, adultos que "roubavam" crianças que nunca tinham visto para poderem embarcar nos botes de segurança. Assim como na sociedade imparcial e nada igualitária na qual vivemos, os ricos dominam o "andar de cima", levando uma vida de hipocrisia, sem diversão, enquanto os pobres vivendo na "parte baixa" do barco, nas piores cabines, são os que dançam, se divertem, mas que não sobreviverão ao acidente por lhes faltar dinheiro.


Falar de Titanic sem falar da jovem inglesinha Kate Winslet também seria impossível. A atriz que há anos se tornou símbolo de atuação para toda a sua geração. A mais jovem atriz a conseguir o maior números de indicações. Aos seus 32 anos (já fazem 11 anos de Titanic quando ela tinha apenas 21 aninhos), já conseguiu 5 indicações ao Oscar de atuação. Um feito nunca antes conseguido. Assim é que ela vai acumulando os seus milhões de fãs pela esfera dos fóruns de cinema na internet. Mas se tudo der certo, Kate leva finalmente seu merecido careca na próxima premiação. Pois como todo bom cinéfilo já deve estar sabendo, esse ano a dupla Winslet-DiCaprio estará de volta às telas num reencontro mais do que desejado no filme Revolucionary Road (ainda sem título em português) dirigida pelo diretor oscarizado Sam Mendes (Beleza Americana).


Não vou falar mais da estória do Titanic, afinal todos já devem conhecer o filme. Magia pura!! E Kate Winslet na cena em que surge nua, com seu belo par de seios alvos, estiranda no sofá ... (Opps!!! É melhor eu parar por aqui!! Afinal o nome do blog é olhar irônico e não olhar indiscreto ou sensual). My hear went and it will still go on !!!!